A. Simpósios temáticos
Coordenação: Cibele Palopoli e Sheila Zagury
Resumo: Entre 1978 e 1980 Ary Vasconcelos realizou uma ampla pesquisa fonográfica comportando cerca de 3 mil obras que deu origem à publicação Carinhoso etc.: história e inventário do Choro (1984). Ao descrever o processo de pesquisa no prefácio do livro, o autor menciona o termo choro no “sentido lato” o qual, segundo ele, compreende o repertório dos chorões formado por polcas, tangos brasileiros, valsas, mazurcas, maxixes, xotes e até sambas e marchas. Vasconcelos elenca ainda o choro no “sentido estrito”, este visto enquanto gênero musical. Tal como o referido autor, alguns atores dentre músicos, acadêmicos, jornalistas, críticos etc., têm demonstrado, tanto no discurso verbal quanto textual, certa preocupação em discernir o choro sobretudo enquanto gênero ou estilo. Embora estas diferenciações constituam um verdadeiro vespeiro da Musicologia, as acepções da palavra “choro” não se limitam a esta dicotomia, podendo servir também para designar um conjunto instrumental, um evento social, uma prática instrumental, sinônimo de músico e também de peça de repertório. A discussão a respeito destes outros sentidos do termo “choro” também começa a ser observada em outros trabalhos de pesquisa. Alguns investigadores, além de elencar os citados significantes buscam essa ampliação, através do diálogo crítico com outros autores pertencentes e não pertencentes ao cenário de pesquisa em Música e buscando reflexões mais aprofundadas a respeito (ver em CÔRTES, 2006; ARAGÃO, 2011; LIMA REZENDE, 2014; e ZAGURY, 2014; dentre outros). Assim, a expressão “universo do Choro” é uma das mais comumente utilizadas para, metaforicamente, explicitar a vastidão do assunto. Outra alternativa constitui-se na consideração do choro enquanto manifestação cultural que inclui uma diferenciação gráfica de acordo com o contexto, sendo Choro (com “C” maiúsculo) o termo empregado em seu sentido lato (PALOPOLI, 2018). O Simpósio Temático “Choro no sentido lato” visa congregar pesquisas ao redor do choro, concernindo as mais variadas vertentes, mas priorizando as comunicações capazes de agregar argumentos às discussões sobre as múltiplas acepções que a palavra tem representado ao longo dos anos. Assim como o Samba de Roda, o Jongo, o Frevo, o Tambor de Crioula ou o Carimbó, cremos que o Choro enquadra-se enquanto forma de expressão cultural digna de ser inscrita no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Como objetivo principal, este simpósio busca reunir pesquisadores dispostos a refletir sobre o processo de instrução para registro enquanto Bens Imateriais pelo IPHAN, que fora iniciado pelo Clube do Choro de Brasília em 2012 (Processo nº 01450.010897/2012-96), tendo sido recentemente retomado através do Edital de Chamamento Público n. 02/2019 (outubro de 2019).
Coordenação: Carlos Sandroni, Eurides de Souza Santos e Márcio Mattos Aragão Madeira
Resumo: A importância da música na cultura popular da região Nordeste do Brasil é tema clássico da reflexão sobre cultura no país, inaugurado ainda no século XIX, com Sílvio Romero. A produção de Mário de Andrade deu ao assunto inflexão (etno)musicológica, com repercussões que se prolongam até os dias de hoje. Desde 1990, com a criação do primeiro curso de Pós-Graduação em Música na região (UFBA), e ainda mais nestas primeiras décadas do século XXI, com a criação de outros três PPGMs (UFPB, 2004; UFRN, 2012; UFPE, 2016), uma ampla produção acadêmica vem dando continuidade ao tema. Vale destacar também a criação de novos cursos de graduação em música na região (em alguns estados mais de um curso foi criado). A música do Nordeste tem sido também tema de destacado interesse de pesquisadores musicais de outras regiões e países, e igualmente, de áreas acadêmicas afins, como antropologia, história, comunicação e outras. O congresso da ANPPOM em Campina Grande é uma oportunidade para que pesquisadores de dentro e de fora da região possam apresentar suas pesquisas mais recentes sobre o tema, e fazer um balanço do que foi acumulado neste campo nas últimas décadas. Entre os tópicos relevantes integrando o estudo da música na cultura popular da região nordeste, podemos mencionar, sem pretensão de exaustividade: processos de patrimonialização; processos de espetacularização; categorias musicais e relações entre “tradicional” e “popular”; gêneros musicais; música e religiosidades; música regional/nacional/global/decolonial; música, etnia e raça; música, gênero, corpo e sexualidades; música e dança; música e festa; música e cultura popular na “invenção do nordeste”; música e mercado; cenas musicais; música e internet; música, política e políticas culturais.
Coordenação: Isabel Porto Nogueira, Harue Tanaka e Laila Rosa
Resumo: Este simpósio pretende discutir os processos de atravessamento da interseccionalidade entre gênero, raça, lugar, corpo e sexualidade na produção, prática e metodologias de criação e performance musical, música, congregando trabalhos que se ocupem da reflexão sobre mulheres performers, produtoras, compositoras, improvisadoras, artistas sonoras, mestras da cultura popular e educadoras, observando as situações de deslocamentos e interseccionalidades e problematizando as categorias naturalizadas e hegemônicas. Este simpósio foi realizado por primeira vez no congresso da ANPPOM de 2018, contando com um total de 17 trabalhos apresentados por pesquisadoras e pesquisadores oriundos de diversas universidades brasileiras, demonstrando a relevância do tema e o desejo de interlocução de pesquisa em âmbito nacional. Observamos que ainda hoje que as mulheres em sua diversidade (cis e/ou trans) são minoria em diversos cursos de música no Brasil, que as obras de compositoras são menos interpretadas nos cursos de música, repertórios de orquestras e/ou de interpretes, e que os cânones considerados válidos excluem esta produção enquanto adotam apenas a produção masculina, cisgênera e predominantemente branca. Desta forma, perpetuam-se critérios de exclusão, e se faz importante observar como estes mecanismos se articulam, além de, através da criação de relatos onde se incluem as práticas musicais de mulheres, visibilizar modelos para as mulheres na área. Ao mesmo tempo, as epistemologias feministas propõem um outro olhar e novos métodos e documentos de pesquisa, mapeando iniciativas e militâncias que desejamos construir e estimular a partir da reflexão sobre os processos e práticas de mulheres que atuam na educação, seja ela situada no campo escolar e/ou da cultura popular, da criação e da interpretação musical como um todo. Buscamos ainda pensar sobre a violência de gênero nos meios musicais e seus embricamentos, observando as relações que existem entre gênero, música e violência. O simpósio pretende acolher trabalhos sobre motivações, poéticas, interpretação e/ou análise de obras de mulheres ou práticas musicais desenvolvidas por estas. A partir de nossas vivências e das reflexões teóricas produzidas sobre gênero numa perspectiva interseccional, música, criação sonora, feminismos e critica feminista; observamos que os aportes produzidos por estas áreas contribuem para a compreensão dos nossos protagonismos e são essenciais para o desenvolvimento de ações e estratégias que possam enfrentar as matrizes de desigualdade neste campo, como discutidos por nós em artigo conjunto (ROSA e NOGUEIRA, 2015). Por fim, adotando uma perspectiva decolonial, antirracista, anticlassista, anti-lesbo-homo-transfóbica, entre outras matrizes de desigualdade, como destacam Luiza Bairros (1995), Ochy Curiel (2010), Berenice Bento (2006), Rita Laura Segato (2002) e Suzanne Cusick (2000), dentre outras; o simpósio busca discutir a produção sonora e artístico-musical de e/ou sobre mulheres a partir do diálogo com os feminismos, os estudos de gênero, os cyberfeminismos e os artivismos. O simpósio poderá acolher trabalhos que reflitam sobre as temáticas de gênero, corpo e sexualidade a partir das abordagens da educação musical, (etno)musicologia(s), criação sonora, composição e performance, ao mesmo tempo em que serão bem-vindos trabalhos que atendam a formatos abertos e artivistas e que incorporem visões críticas e não-normativas em suas próprias constituições.
Coordenação: Luan Sodré de Souza e Marcos dos Santos Santos
Resumo: Este simpósio temático propõe um espaço de discussão, reflexão e construção de conhecimentos sobre perspectivas ligadas à compreensão da diáspora africana ao longo do Atlântico Negro e suas relações com as musicalidades/corporalidades experienciadas neste contexto, com destaque para as ressonâncias destas questões no Brasil. Dentro do escopo da discussão proposta neste simpósio, espera-se refletir sobre os processos de produção, transmissão e circulação dessas experiências sonoras, estéticas e poéticas, considerando as subjetividades que as estruturam na contemporaneidade. A ideia de pensamento afrodiaspórico está conectada às existências humanas localizadas nas trajetórias da afro-diáspora, as quais são complexas, abrangentes e permeadas por marcadores sociais, culturais, territoriais, políticos, raciais, étnicos, econômicos. Tal complexidade, se reflete na diversidade de produções, na visão de mundo e no pensamento sobre musicalidades/corporalidades então agenciado por tais existências. Desse modo, este simpósio visa construir um espaço propositivo, cujo foco é, nas diversas subáreas da música, debruçar-se sobre alternativas possíveis e entendimentos cujo viés considere as diversas existências que compõem a diáspora negra nas Américas e venham a contribuir para uma não invisibilização epistemológica destas existências no campo da música. Sendo assim, este simpósio aceitará trabalhos nas diversas subáreas da música: performance, composição, educação musical, etnomusicologia, musicologia, que contribuam para ampliar as discussões deste campo e, ao mesmo tempo, possam colaborar com a construção de um arcabouço conceitual, discursivo e prático. Este simpósio espera receber trabalhos que contribuam para a construção de novas lentes na área da música em seus diversos campos, seja na produção, no consumo, no ensino, na pesquisa.
Coordenação: Suzel Ana Reily e Carlos Sandroni
Resumo: Este Simpósio Temático visa discutir a organização de comunidades musicais de prática no contexto local, a partir de estudos de casos de diversos contextos, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. Adotamos o termo “musicar” como tradução da palavra “musicking”, cunhada por Christopher Small, para descrever qualquer forma de engajamento com música. Assim, a performance musical é uma forma de musicar, mas musica-se também ao ouvir ou falar sobre música, ao fazer o download de uma música ou mesmo ao participar da organização de um show. Small chama atenção para o caráter social do musicar, ocorra ele numa performance em tempo real ou mediado por música gravada. Musicar, enfim, é engajar-se num processo interativo ligado à produção e vivência da música. Partindo deste conceito de musicar, não surpreende constatar que ele está na base de muitos grupos locais que Jean Lave e Etienne Wenger chamam de “comunidades de prática”. Para Lave e Wenger, uma comunidades de prática consiste num grupo de pessoas que se reúne regularmente em torno de alguma atividade, desenvolvendo, assim, práticas coletivas que lhes dão habilidades para melhor cumprir com seus objetivos comuns. Os trabalhos neste Seminário Temático visam compreender como comunidades musicais de práticas se formam e se perpetuam ao longo do tempo, focando, em especial, sobre grupos de músicos amadores. Perguntas que nortearão as discussões incluem: – Qual a natureza das comunidades musicais de prática a nível local? Além de grupos performativos, que outras formas de engajamento coletivo existem? – Qual a organização das diferentes comunidades musicais de prática? – Quais as práticas que contribuem para a sustentação destes grupos ao longo dos anos? – Como comunidades musicais locais se relacionam com outros grupos de suas localidades? – Qual a relação das comunidades musicais com suas localidades? – Qual o papel do musicar na vida dos participantes das comunidades musicais?
Coordenação: Humberto Amorim Neto e Flavia Prando
Resumo: Nos últimos anos, o violão vem progressivamente ganhando espaço qualitativo e quantitativo em pesquisas e publicações científicas da área musical. No Brasil, de modo especial, este crescimento tem encontrado ressonância em uma plêiade de pesquisadores que pautam o instrumento em suas mais diversas abordagens. Este crescimento e participação maciça também foram percebidos na presença e participação dos interessados durante o primeiro Panorama da Pesquisa sobre Violão no Brasil, simpósio temático realizado em Pelotas, no XXIX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, em 2019. Os três dias do Simpósio contaram uma média de 25 participantes por sessão, destacando ainda o fato de que muitos dos e das comunicadoras e ouvintes foram motivados a participar pela primeira vez de um evento acadêmico a partir da fagulha lançada pela primeira edição do simpósio temático acerca do instrumento. Sendo assim, renovamos nossos votos para o segundo simpósio temático “Panorama da pesquisa sobre violão no Brasil”, esperando que o Simpósio seja mais um passo no sentido de aglutinar as pesquisas sobre o instrumento no país. Convidamos, assim, pesquisadores, estudiosos e demais interessados – no mais amplo sentido das práticas interpretativas e escopos metodológicos, provenientes das áreas de performance musical, cognição e artes musicais, musicologia, etnomusicologia, música popular, educação musical, composição, teoria musical, semiótica, história, sociologia e antropologia, entre outras áreas do conhecimento – para apresentar as suas pesquisas em andamento ou concluídas. O convite se faz extensivo aos trabalhos centrados ou em torno do violão e realizados no crescente cenário dos mestrados profissionais, incentivando a submissão de trabalhos que instilem novos olhares em torno do instrumento: suas práticas, personagens e repertórios, sejam eles do passado ou do presente.
Coordenação: Fernando Lacerda Simões Duarte e Paulo Augusto Castagna
Resumo: O Simpósio Temático “Patrimônio Musical Brasileiro”, proposto ao XXX Congresso da ANPPOM, foi idealizado a partir das experiências do ST “Acervos Musicais Brasileiros”, realizado nos congressos de 2018 e 2019 (Manaus e Pelotas), e do GT de mesmo título, nos congressos de 2016 e 2017 (Belo Horizonte e Campinas). Na presente versão, o ST reunirá comunicações relacionadas a dois grandes campos: 1) identificação, reconhecimento, mapeamento, estudo, registro, acompanhamento, divulgação e apoio do patrimônio musical imaterial ou de tradição oral, e de todo o patrimônio cultural relacionado à atividade musical, na forma de práticas, saberes, representações, celebrações, expressões e lugares culturais; 2) levantamento, salvaguarda, tratamento, difusão do conteúdo e pesquisas relacionadas aos acervos musicais do país, bem como levantamento do estado atual das pesquisas e da realidade brasileira referente aos patrimônios arquivístico-musical e histórico-musical. O Simpósio reunirá, portanto, trabalhos relacionados ao patrimônio musical histórico ou documental e àquele transmitido pela memória ou pelo fazer, visando estabelecer conexões entre esses campos de estudo e contribuir para a integração do conhecimento de todas as formas de patrimônio musical relacionados ao Brasil. Interessam particularmente, para este ST, a estrutura política relacionada ao patrimônio musical (legislação nos âmbitos federal, estaduais e municipais, regulamentos e normativas institucionais, acordos de cooperação etc.), o conhecimento disponível sobre a existência, conteúdo e abertura à pesquisa dos acervos musicais brasileiros, projetos de estudo, registro, apoio, conservação de documentos, catalogação, digitalização, edição, gravação e difusão online, realizados, planejados ou em andamento, o conhecimento nacional e internacional (teórico e prático) acumulado sobre patrimônio musical, interfaces com a história oral, memorialismo histórico e outras narratividades, e o desenvolvimento de novas perspectivas teóricas e metodológicas para essas tarefas. Interessam ainda estudos relacionados ao registro sonoro e audiovisual, processos de inventariação de referências culturais, reconhecimento de saberes e práticas relacionados à música por parte das comunidades onde ocorrem, a atuação de pesquisadores e demais interessados junto aos órgãos patrimoniais, bem como as referências culturais reconhecidas por atos do Legislativo. No caso dos acervos musicais – sejam eles de instituições de interpretação e difusão musical, de ensino e pesquisa, bibliotecas, museus, arquivos, centros de documentação e arquivos pessoais ou familiares – deve-se considerar a diversidade das fontes: musicográficas, gravações, documentos diversos (cartas, contratos, documentos oficiais, fotografias etc.), jornais, revistas, programas e outros. Além da apresentação e discussão das comunicações, o Simpósio tem como objetivo estimular o desenvolvimento da pesquisa teórica, dos estudos, registros e apoios ao patrimônio musical imaterial e das ações de salvaguarda, difusão e abertura à consulta dos acervos musicais brasileiros, como repositórios que permitem o subsídio concreto da pesquisa sobre a memória, os patrimônios arquivístico-musical e histórico-musical brasileiros, realizada a partir da realidade expressa nas fontes e acervos. Considerando o enfoque do ST, serão priorizadas comunicações dedicadas à pesquisa de representações, celebrações, expressões, construção e uso de instrumentos musicais, manifestações, grupos e lugares culturais, bem como estudos de conjuntos documentais, organológicos, fonográficos, iconográficos, hemerográficos, bibliográficos e afins, de maneira sistemática, deixando em segundo plano trabalhos sobre autores, obras e documentos específicos.
Coordenação: Luis Ricardo Silva Queiroz, Luciana Marta Del-Ben e Marcus Vinícius Medeiros Pereira
Resumo: As práxis de formação em música são caraterizadas por uma ampla diversidade de fenômenos culturais que, abordadas em diferentes campos da música e fora dela, têm possibilitado uma compreensão acurada acerca de processos e situações que constituem a formação musical na atualidade (CAMPBELL; BANKS, 2018; QUEIROZ, 2015, 2017). Esse amplo universo de práxis formativas em música tem exigido dos pesquisadores da área estratégias investigativas distintas, configurando um universo complexo e diversificado de estudos, que seja capaz de colocar em diálogo múltiplas abordagens, contextos e perspectivas de pesquisa (DEL-BEN, 2014a, b; QUEIROZ, 2013; QUEIROZ; MARINHO, 2018). Tendo como base essa realidade, este simpósio aprofundará o debate sobre a formação em música, a partir de perspectivas transdisciplinares, abrangendo uma ampla diversidade de contextos culturais e níveis educacionais em que tal fenômeno acontece na sociedade. Assim, considerando a realidade da formação musical em espaços institucionais e em outros contextos sociais de práxis formativa, o simpósio se caracteriza como um espaço profícuo para colocar em interação e diálogo profissionais que, por diferentes bases epistemológicas e orientações investigativas, têm pesquisado lugares, processos, situações e práticas de formação em música na cultura contemporânea. A apresentação de um grupo selecionado de trabalhos ao longo do simpósio fará emergir, compreensões, avanços e lacunas que caracterizam a práxis formativa no mundo atual, possibilitando aos participantes do simpósio redefinir problemas, caminhos e perspectivas investigativas para avançar e aprofundar o tema na área de música.
Referências:
CAMPBELL, Patricia Shehan; BANKS, James A. Music, Education, and Diversity: Bridging Cultures and Communities. New York, NY: Teachers College Press, 2018.
DEL-BEN, Luciana. (Para) Pensar a pesquisa em educação musical. Revista da ABEM, v. 18, n. 24, p. 25–33, 13 Abr 2014a. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/200>. Acesso em: 31 dez 2019.
DEL-BEN, Luciana. Políticas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil: perspectivas para a produção de conhecimento em educação musical. Revista da ABEM, v. 22, n. 32, p. 130–142, 3 Jul 2014b. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/467>. Acesso em: 31 dez 2019.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Educação musical é cultura: nuances para interpretar e (re)pensar a práxis educativo-musical no século XXI. DEBATES – Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música, v. 0, n. 18, p. 163-191, 31 Mai 2017. Disponível em: <http://www.seer.unirio.br/index.php/revistadebates/article/view/6524>. Acesso em: 28 out 2019.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Ética na pesquisa em música: definições e implicações na contemporaneidade. Per Musi, n. 27, p. 7–18, Jun 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1517-75992013000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 31 dez 2019.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Há diversidade(s) em música: reflexões para uma educação musical intercultural. In: SILVA, H. L. DA; ZILLE, J. A. B. (Org.). Música e educação. Série Diálogos com o Som. Barbacena: EdUEMG, 2015. p. 197–215. Disponível em: <http://educamusical.org/musica-e-educacao-serie-dialogos-com-o-som/>.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. Interpreting Music Education in Brazilian Popular Culture: Challenges for Ethnographic Research. 2018, Dubai. Anais… Dubai: Canadian University Dubai, 2018. p. 156–165. Disponível em: <https://www.isme.org/other-publications/proceedings-pre-conference-seminar-isme-research-commission-2018>. Acesso em: 31 dez 2019.
Coordenação: Cleyton Vieira Fernandes, Ricardo Nogueira de Castro Monteiro e Heloísa Duarte Valente
Resumo: O Simpósio aqui proposto, em sua terceira edição consecutiva nos Congressos da ANPPOM, propõe-se novamente a discutir a significação e a construção do sentido no discurso musical, bem como nas múltiplas linguagens sincréticas que a ele se associam, tais como canções, em mídias contemporâneas como filmes e games e, neste ano, inova ao propor o acolhimento de trabalhos relacionados aos folguedos tradicionais da cultura popular brasileira tais como o reisados, guerreiro, lapinha, bumba-meu-boi, pastoril e tantos outros. A Semiótica, em suas múltiplas correntes definidas ao longo de décadas de pesquisas e reflexões, caracteriza-se sobretudo como ciência que busca desvelar a significação e seus modos de construção de sentido. Quando aplicada à música, ao texto da canção, à imagem, ao gesto, busca demonstrar o nível abstrato em que subjaz o sentido. Quer sejam vistos como um ramo filosófico ou linguístico, os estudos semióticos estão presentes nos trabalhos de importantes pesquisadores da música. Desde os trabalhos dos fundadores Saussure, Peirce, Lotman e Greimas, pesquisadores de envergadura como Tarasti, Hatten, Stoianova, Nattiez, Tatit, Grabocz, entre tantos outros, ajudam a constituir a fundamentação que consolida a semiótica enquanto área de conhecimento e ferramenta analítica indispensável aos estudos sobre o discurso musical, o contexto em que se insere sua produção e recepção e as relações interdiscursivas e intertextuais nele estabelecidas, não podendo, portanto, estar ausente das pesquisas realizadas no âmbito da ANPPOM. No XXVIII Congresso da ANPPOM realizado em Manaus, verificamos a multiplicidade de possibilidades de abordagens semióticas por meio de trabalhos e pesquisas que perpassaram o discurso musical em suas mais variadas instâncias. Da educação musical à canção midiática, da performance à composição, a proposta abrangente do Simpósio nos permitiu também no Simpósio de 2019, em Pelotas, RS, refletir sobre o discurso musical através de uma diversidade de objetos sob focos distintos. Para o Simpósio de 2020, em Campina Grande, PB, encorajamos os estudantes e pesquisadores à ampliação dessa perspectiva multi, inter e transdisciplinar, visando encontrar novas convergências e suscitando assim novos avanços para a área.
Coordenação: Fábio Miguel, Wladimir Farto C. Mattos, Wânia Mara Agostini Storolli e Achille Guido Picchi
Resumo: Este simpósio, organizado por pesquisadores e membros de vários grupos de pesquisa na área da voz, é destinado a interessados nos estudos da voz em diferentes âmbitos da prática musical. Tendo como tema a voz nos diversos contextos da prática musical, este simpósio pretende acolher estudos com base em abordagens metodológicas convencionais ou em novas metodologias. A partir deste encontro, pretende-se contribuir, sob a perspectiva da ANPPOM para uma compreensão atualizada das características e tendências da pesquisa sobre a voz, no campo da música. Serão aceitas propostas relacionadas aos seguintes âmbitos: Educação Musical, Composição, Performance e Abordagens terapêuticas. Dentro dos âmbitos propostos, temos a expectativa de receber trabalhos sobre os diversos recortes do tema geral do Simpósio, nos diversos formatos (incluindo-se ensaios teóricos, análises, métodos, experimentos, relatos de experiência, etc), relacionados aos também diversos campos simbólicos da produção musical (música erudita, popular, experimental, etc) e envolvendo quaisquer tipos de recursos tecnológicos (recursos convencionais, novas tecnologias, etc). Com a pluralidade dos trabalhos apresentados, pretende-se contribuir para a discussão e a difusão de abordagens artísticas, pedagógicas e terapêuticas, considerando-se que as pesquisas sobre a voz nas práticas musicais se desenvolvem cada vez mais a partir das relações entre as diversas áreas da pesquisa em artes, filosofia e ciência.
Grupos de Trabalho
Coordenação: Camila Carrascoza Bomfim e Angela Elisabeth Lühning
Resumo: O GT “Atividade musical profissional no Brasil: formação, função social e mercado de trabalho”, iniciado em 2019 no Congresso de Pelotas (2019) e ampliado neste Congresso, com a colaboração da Profa. Dra. Angela Elisabeth Lühning, tem como meta fomentar discussões relacionadas à formação e função social do músico na sociedade atual e sua inserção no mercado de trabalho. Apesar das especificidades referentes a essa área, cada vez mais as questões relacionadas ao trabalho estão vinculadas à lógica do mercado. Os tipos de trabalho exercidos pelos músicos são impactados por essa lógica, no que diz respeito tanto ao trabalho formal (no qual o músico recebe seus proventos através de uma carteira de trabalho ou um contrato assinado), quanto ao informal (no qual o músico é seu próprio produtor), ou a situações intermediárias (como micro-empreendedor individual – MEI e outras). A despeito do impacto que o mercado de trabalho na área de música imprime nas economias locais e na economia nacional (uma vez que além de gerar postos de trabalho, gera renda e outros benefícios), as políticas públicas relativas a este nicho não parecem indicar uma diretriz específica sobre a questão. Ao mesmo tempo, inúmeras instituições de ensino formam profissionais sem estudar ou discutir possíveis campos da atuação profissional, o que limita a efetiva inserção de pessoas, que nem sempre encontram espaço neste mercado, criando assim um impasse no que se refere à profissionalização na área. O objetivo geral deste GT é fortalecer a discussão e as pesquisas que abordem a formação, e a relação do músico com a sociedade atual e o mercado de trabalho. O número ainda reduzido de estudos na área de música sobre esta temática, que abordem a delicada relação entre formação, atuação e discussão pública (apesar dos problemas existentes no cotidiano da atuação, frequentemente relatados), justifica a realização do presente GT, que também visa compreender qual a responsabilidade da pós-graduação na discussão destas questões como locus/agente de questionamentos e de possíveis transformações.
Coordenação: Heloísa de Araujo Duarte Valente
Resumo: Histórico: O GT teve sua primeira participação por ocasião do XIII Encontro da Anppom de 2001, e, desde então, sempre que houve oportunidade, esteve presente na programação dos Congressos. Nessas reuniões, debateram-se temas pré-selecionados pelos proponentes e textos enviados por participantes previamente inscritos, tendo uma bibliografia de base como referência teórica. As repercussões se evidenciam com a formação do Centro de Estudos em Música e Mídia – MusiMid, pouco depois deste primeiro Encontro. Os esforços do MusiMid, no sentido de promover estudos em caráter interdisciplinar, vêm apontando resultados importantes, a partir de desenvolvimento de projetos de pesquisa, encontros, publicações. Ainda assim, estas iniciativas não são suficientes para a consolidação deste campo de estudos: as ações devem se expandir, com participações nos eventos acadêmicos representativos, em nível nacional e internacional. Entendemos que o XXX Congresso se apresenta como uma oportunidade privilegiada de ampliar a participação de interessados, possibilitando a reunião num mesmo local, em dias seguidos, de pesquisadores estudantes de várias regiões do país, presencialmente.
Ementa: Desde o final do século XIX, a música, em suas diversas modalidades de existência, vem se desdobrando em outras variantes e em linguagens híbridas. Graças ao surgimento dos aparelhos que possibilitaram a captação, fixação, amplificação e transmissão do som à distância, os signos musicais vêm se fixando nas diferentes plataformas midiáticas que foram surgindo, desde o começo do século XX .Em grande medida, a música colaborou com a implantação de novas linguagens: as canções populares urbanas, os jingles e spots publicitários, a trilha musical (da dramaturgia radiofônica, televisiva, à cinematográfica), as composições para games constituem signos, que participam de linguagens particulares e, ao mesmo tempo, produtos que configuram a cultura midiática. Em tempos de cultura das redes, o presença das linguagens da música é constante e exerce importante função. Considerando-se a importância deste campo de estudos e sua tímida e pontual participação nas grades curriculares, a oportunidade de debater e estudar com maior profundidade, temas no âmbito desse campo é de extrema valia. Outro aspecto importante a ressaltar diz respeito às formas de sensibilidade – e, por conseguinte, da cognição, resultantes das novas formas de recepção que as novas tecnologias promovem na linguagem musical Justificativa: Ao longo dos últimos anos, as pesquisas relacionadas à área de música e mídias estiveram circunscritas, dentro da ANPPOM, na subárea de Música e Interfaces. Por mais interdisciplinar que fosse, essa subárea não dava conta da multiplicidade de assuntos e abordagens teóricas que lhe eram atribuídas, gerando, com frequência, sessões esvaziadas ou com pouca possibilidade de diálogo. Desse modo, a proposta deste GT vem no sentido de atrair novamente pesquisadores interessados na área e promover novo fôlego aos debates sobre música e outras mídias. Por ser este um assunto que permeia toda a experiência musical contemporânea, consideramos de suma importância a existência desse espaço de debate dentro da ANPPOM. Subscrevem: Profa Dra Fabiana Moura Coelho; Prof. Ms. Fernando Magre; Profa Dra Márcia Carvalho; Prof. Dr. Marcos Julio Sergl; Prof. Dr. Rafael Righini; Prof. Ms. Raphael F. L. Farias.
Coordenação: Didier Guigue
Resumo: A proposta deste GT é dar prosseguimento a uma dinâmica de pesquisas e reflexões que tem se iniciado no país há alguns anos, na esteira de uma consolidada colaboração entre o NICS (Unicamp) e o Mus3 (UFPB), acompanhando uma tendência, em nível internacional, no campo da análise musical: o estudo da função da orquestração como dimensão autônoma do discurso musical, seu impacto sobre a forma e sobre sua percepção. Pelas caraterísticas heterogênas, algumas pouco formalizadas, do seu objeto, a análise da orquestração demanda abordagens multi-modais onde o uso da computação pode se revelar decisivo na elucidação de certos aspectos. Num formato aberto, informal e interativo entre todos os participantes, este GT, cuja iniciativa se centrará na discussão crítica do estado da arte das pesquisas neste campo.
Coordenação: Luis Ricardo Silva Queiroz
Resumo: A expansão da educação superior e sua relevância para o desenvolvimento social têm sido foco de análises e definições políticas tanto no cenário nacional quanto no contexto internacional. Documentos publicados pela UNESCO (1998), a exemplo da “Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação”, apontam, desde o final do século XX, para duas dimensões fundamentais que têm marcado esse nível de ensino: 1) a demanda e a relevância sem precedentes que a educação superior alcançou mundialmente; 2) a necessidade de diversificação e adequação desse universo de formação à realidade e às demandas do mundo contemporâneo. No âmbito da música, estudos em diferentes contextos do Brasil (PEREIRA, 2014; QUEIROZ, 2017) e do mundo (BANSAL, 2011; CAMPBELL at al., 2016; JONES at al., 2019; MOORE, 2017) têm relevado que a área mantém nas definições dos seus cursos características similares às essas constatações gerais. Assim, se por um lado é notório o amplo crescimento dos cursos de graduação e pós-graduação na área, por outro é explicita a manutenção de modelos, conhecimentos e estratégias de ensino baseados em cânones que, historicamente consolidados, têm pouca relação com o cenário da música e da realidade cultural dos dias de hoje. Considerando essa conjuntura, este GT tem como objetivo analisar, discutir e compreender a trajetória que caracterizou a institucionalização do ensino de música no Brasil e seus impactos na definição de modelos canônicos de currículos para a educação superior no país, bem como analisar e propor perspectivas contemporâneas de reação às hegemonias que ainda dominam tal universo educacional. Assim, problematizando a manutenção dos cânones europeus consolidados principalmente ao longo dos últimos cinco séculos, o GT visa debater e propor diretrizes, bases epistemológicas e ações que contribuam para a redefinição dos currículos dos cursos de graduação em música na atualidade a partir de perspectivas e de opções decoloniais.
BANSAL, Vinod Kumar. Challenges in Higher Education in 21st Century. New Delhi: D.P.S. Publishing House, 2011. CAMPBELL, Patricia Shehan; MYERS, David; SARATH, E. (Org.). Transforming music study from its foundations: a manifesto for progressive change in the undergraduate preparation of music majors (report of the task force on the undergraduate music major). Missoula: The College Music Society. 2016
JONES, Angela; OLDS, Anita; LISCIANDRO, Joanne G. (Org.). Transitioning Students in Higher Education: Philosophy, Pedagogy and Practice. Edição: 1 ed. Abingdon-on-Thames: Routledge, 2019.
MOORE, Robin. College music curricula for a new century. New York: Oxford Scholarship Online, 2017.
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