Nós, professores, músicos e artistas subscritos e a Associação Nacional de Pesquisa e Pós- Graduação em Música – ANPPOM,  vimos, por meio desta, manifestar nosso repúdio irrestrito aos cortes que a educação, ciência e cultura vêm sofrendo ao longo desta gestão do Governo do Estado de São Paulo nos últimos anos, culminando com a demissão e consequente extinção de um dos grupos musicais de maior projeção de nosso país, a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, que tem quase três décadas de duras conquistas, de difusão e excelência artísticas.

Estamos diante de um cenário de progressiva retração de mercado para nossos jovens artistas e a destruição da carreira desses músicos que dedicaram suas vidas à existência do grupo. Tal ação desqualifica seu trabalho e as possibilidades de atuação dos jovens, com a lenta extinção da profissão, que já conta com tão poucos profissionais com vínculos empregatícios no Brasil.

Para muitos de nossos jovens, a atividade musical desenvolvida nos projetos sociais representa a única alternativa à vida marginal. Como menciona o neurocientista Carl Hart, ele mesmo ex-usuário de drogas, e especialista no uso da crack, é preciso oferecer reforço alternativo. A curiosidade, a inteligência desenvolvida pelo estudo, pela diversidade e criatividade cultural representam esse reforço. Porém, de nada adianta investirmos em projetos sociais se os agentes que atuam nesses projetos, professores e artistas, são sumariamente desqualificados e demitidos.

O Prof. Dr. Max Nikias, engenheiro e presidente da University of Southern California, em Los Angeles, tem se dedicado ao incentivo das artes, disponibilizando enormes somas de dinheiro às escolas de música, teatro e dança da universidade que preside. Ele é engenheiro, e diz:

“Ignorar as artes e humanidades é cometer suicídio cultural. As artes nos ajudam a discernir o que é ser integralmente humano, e a viver em sociedade com outros humanos. Elas nos pedem para determinar como nos comportar individualmente e em comunidade – aqui e agora, em interlocução com nossos antepassados, e em antecipação à nossa posteridade. Há razões práticas também: As artes nos ajudam a produzir melhores engenheiros, melhores cientistas, melhores médicos e melhores empreendedores. Arte é a habilidade de impor padrões de significado à nossa experiência e existência, o matemático inglês Alfred North Whitehead apontou. O tecnólogo sem arte, alguém que tenta inovar sem essa habilidade, pode produzir, na melhor das hipóteses, um trabalho estéril. Na pior, seu trabalho pode ser perigoso. … Numa sociedade high-tech, consumista, o que sucesso significa? O que significa abundância? Uma nova tecnologia oferecerá uma explosão no mercado ou uma maldição à condição humana? O lado direito do cérebro é crucial a respostas significativas. Ciência e tecnologia são meios a um fim. Mas arte é nosso fim verdadeiro como seres humanos plenos vivendo em sociedade. Isso traz a benesse adicional de se produzir melhor ciência e mais benefício tecnológico. Isso é, então, verdadeira liderança global. E começa com imaginação.” ( https://www.president.usc.edu/revaluing-the-arts-and-humanities/ )

Solicitamos uma reconsideração do Governo do Estado de São Paulo diante da extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Vocês serão responsáveis pela destruição de nossa cultura e de nossas instituições, que levaram décadas para serem construídas. Por favor, NÃO AS DESTRUAM!

Os associados interessados em participar desse movimento podem enviar seu nomes completos, filiação institucional e cargo, e RG aos cuidados de Danieli Longo Benedetti: danieli-longo@uol.com.br .