Auto-Organização: Um Paradigma Composicional 1
Jônatas Manzolli 2
RESUMO: Este trabalho discute a
criação musical sob um novo paradigma ao mostrar como auto-organização pode descrever
o desenvolvimento temporal de estruturas musicais. Partindo de uma introdução sobre o
assunto, métodos históricos e modelos composicionais são apresentados juntamente com um
sistema de composição desenvolvido pelo autor. Palavras-chaves: Composição,
Auto-organização, Sistemas Dinâmicos
1. Introdução
1.1 Espírito Inventivo
A criação musical é uma atividade
extremamente variada e multi-facetada. Cada compositor tem uma maneira única de compor.
É a busca pela originalidade que o leva a descobertas sonoras que são incorporadas em
suas composições. À medida que o músico vai desenvolvendo idéias musicais, elas
ganham forma e corpo e passam a ter vida própria. Não seria raro vê-lo ouvindo sua obra
acabada e, num ímpeto de satisfação de seu espírito inventivo, dizer: Fala, vive!
O processo de criação musical é um
eterno aprender. É da exploração das peculiaridades do som que uma nova composição
nasce. A ordem musical é estabelecida pela vontade/escolha do compositor dentro de um
contexto/microcosmo sonoro-musical através de uma busca constante, inquietação e
transformação de padrões. Daí nasce o método e o conseqüente sistema de composição
como produto das descobertas sonoras incorporadas no estilo do compositor.
Olhar a composição musical da maneira
exposta acima, implica em vislumbrá-la com um processo criativo, autônomo e vivo. Ou
seja, transformações ocorrem tanto no método de composição de cada autor quanto na
sua própria produção musical. Se estudarmos um conjunto de regras estratificadas como
sendo a única base da composição musical, não seremos capazes de entender o ato de
compor música, pois subjugaremos a riqueza da descoberta sonora diária do músico. Não
podemos congelar o processo criativo no tempo e no espaço. O que devemos fazer é
conviver com ele e percebê-lo através da interação produzida pela vivência com o seu
produto sonoro.
Desta maneira, compor é um processo de
auto-gênese na medida em que o autor e a sua obra se organizam no tempo e no espaço. É
esta pecularidade dos sistemas de composição musical que nos levaram a estudar
auto-organização como paradigma composicional.
1.2 Indícios de Auto-organização
em Música
1.2.1 Querer Inconsciente
Auto-organização em música pode ser
derivado da expressão de Boulez (1986) de que há em todo compositor um germe do
desconhecido (kernel of darkness). Este conceito pode ser conectado às idéias de Atlan
(1992) que ao discutir as bases da auto-organização menciona que
o querer inconsciente surge como uma
característica absolutamente geral de todos os organismos vivos...o aparecimento
progressivo do que parece ser - por analogia com aquilo que aparece em nossa experiência
introspectiva.
Ao discutir o âmago do compositor,
Boulez trouxe à tona duas componentes do processo criativo: determinismo e aleatoriedade.
Acaso transformando-se em ordem; ordem transformando-se em acaso. Essa mutabilidade é
essencial para a composição. É através da inserção de ruído (idéias vagas,
memórias, sonoridades incertas, etc) entre partes de uma estrutura musical em formação
que o compositor projeta o produto sonoro final. Essa interação de sistemas complexos
onde o ruído é fonte criadora de informação, foi, também, apresentada como uma das
características de sistemas auto-organizados por (Atlan, 1972; Ashby, 1962).
1.2.2 Interatividade
A composição sofre influências
ambientais que fazem com que cada processo criativo seja único. Assim, a produção
musical é extremamente sensível a condições iniciais e há muitas componentes no
processo desconhecidas para o músico. Para adaptar-se a estas mudanças, o compositor
norteia-se por Ciclos Criativos. Grande parte do método composicional está baseado em
tentativa e erro; como foi apresentado por Orton (1992) e será discutido abaixo.
1.2.3 Complexidade
Os sistemas musicais são extremamente
complexos, pois há grande interdependência entre as suas variáveis componentes. Porém,
na sua grande maioria, os elementos usados em composição são muito simples como:
pequenos motivos melódicos, células rítmicas, sequências de acordes, etc. Todavia o
resultado do processo de criação musical é complexo, ou seja, a Música é maior que a
soma de suas partes.
Partindo desse princípio, a música
pode ser vista como informação sonora que é produto da interação de um grande número
de simples estruturas gerativas. E, como foi apresentado por Atlan (1992), podemos
relacionar essas componentes estruturais e suas interconexões à complexidade do sistema
ou, no nosso caso, Sistema de Composição Musical. Assim, quanto mais complexa é a rede
interrelacional criada pelo compositor, maior é o conteúdo de informação da obra. Esta
propriedade relacionada à Teoria da Informação (Shannon & Weiver, 1949) foi usada
por Hiller e Issacson em 1959 em experimentos pioneiros de composição musical
automática.
1.3 Ciclos de Interação
A composição é uma atividade criativa
onde o músico organiza estruturas que acionam processos físicos de produção sonora.
Ela é um meio de interação com o vasto mundo das informações acústicas e
electroacústicas. A complexidade/simplicidade do artefato sonoro e a riqueza do material
resultante são componentes básicas da interação som-músico. Para discutir essa
idéia, achamos esclarecedor citar o compositor inglês Richard Orton (1992):
·A natureza essencial do músico
... é a sua consciência do poder do som, a qual pode ser expressa de diversas maneiras:
no mínimo a voz, o corpo ou qualquer meio disponível. Muitos exercícios de
improvisação começam desse ponto - a natureza musical pode ser explorada com recursos
mínimos.
As estruturas usadas pelo compositor
podem ser abstratas (notas com altura, duração e dinâmica) ou concretas (sons gravados
e manipulados em estúdio). O que observamos é que, nos dois casos, o compositor
estabelece um sistema de organização e, gradualmente, interage com a sua própria
composição no processo criativo. Quando buscamos, na auto-organização, um possível
paradigma composicional, referimo-nos à criação de material sonoro-musical através de
ciclos reflexivos ou retro-alimentação. Poderíamos discriminar esse processo, nos
permitindo um esforço de linguagem como segue:
- a fôrma com a qual o compositor
inicia o trabalho
- os ciclos de interação sonora
- a fórma musical que gradualmente
nasce
Orton (1992), também fala da natureza
cíclica da criação musical:
·A improvisação e a composição
envolvem processos criativos cíclicos....A improvisação começa com um
músico-intérprete no controle de seu material. O significado de organizar o som é
manipulá-lo - o resultado de uma escolha consciente de instrumento(s) ou material(is)
sonoro(s). A idéia musical nasce em parte da natureza desses materiais e da facilidade -
ou da dificuldade - de sua manipulação... o mesmo uso de ciclos criativos de
improvisações pode, também, ser incorporado, de maneira significativa, no processo de
composição. O compositor faz tentativas de passagens em instrumentos, ou até mesmo
ensaios mentais de uma performance. Ele é também envolvido num processo reflexivo de
aprendizado e avaliação, no qual a expressão musical inicial é modificada.... a
composição pode ser descrita em termos de uma série estendida de improvisações, na
qual ocorrem certos curtos-circuitos; desta forma espera-se menos redundância e maior
coerência nas idéias musicais.
A partir desses pontos, vamos
diversificar nossas indagações no sentido de:
- apresentar uma breve discussão
sobre o desenvolvimento dos sistemas de composição;
- descrever o modelo composicional
adotado pelo autor descrito por três sistemas estruturais.
2. Composição & Auto-organização
2.1 Sistemas de Composição Musical
Os sistemas de composição musical têm
variado com o desenvolvimento da música ocidental. Músicos como Guido d'Arezzo (1026)
já se utilizavam de recursos algoritmicos para compor música (Loy 1988; Rowe 1993). Seu
método consistia em construir uma tabela de correspondência entre as vogais de um texto
em Latin e as notas de um Modo Gregoriano.
No século XIII, o compositor Philipp de
Vitry usou a repetição cíclica de padrões rítmicos para construir tenores de motetes.
Depois de um determinado número de repetições, estes padrões variavam de acordo com
regras construtivas (Loy 1988). Mais adiante, o cânone aparece como base construtiva.
Essa técnica, que teve seu início nos compositores holandeses do século XV, foi usada
com maestria na Oferenda Musical de J.S. Bach. As simetrias construídas nos cânones e
fugas são objetos de estudo musical e comparação com outras áreas do
conhecimento humano como apresentado por Hofstadter (1979).
No período clássico, vamos encontrar
um algoritmo chamado de Würfelspiel (Jogo de Dados de Mozart). Usando este método,
compositores como W.A. Mozart, J. Haydn, ou C.P.E. Bach baseavam seu processo de escolha
musical no acaso (Loy 1988). Assim, construíam jogos para composição musical onde
criavam simples minuetos e outras obras incidentais. O método consistia em aplicar,
iterativamente, lances de dados para compor temas musicais de uma tabela formada por
motivos pré-estabelecidos. Podemos notar que há indícios de auto-organização no
processo de composição Jogo de Dados de Mozart:
Há componentes deterministas e
aleatórios no processo: as tabelas de motivos pré-selecionados e os lance de dados.
O processo é totalmente sensível às
condições iniciais. O resultado sonoro, produto da junção dos motivos sorteados em
cada lance, é uma nova melodia mais complexa que a soma de suas partes.
2.2 O Acaso na Composição
Contemporânea
Se dados foram jogados em épocas
anteriores ao século XX, não seria tão surpreendente encontrarmos John Cage compondo
com métodos baseados no acaso. E, em sua obra HPSCHD (1967-69), ele usou um processo
composicional baseado no Jogo de Dados de Mozart. A composição de HPSCHD foi baseado nos
resultados do trabalho pioneiro de Hiller e Issacson (1959), um marco na formalização de
sistemas composicionais. A técnica desenvolvida nos experimentos foi, posteriormente,
chamada de "rules-driven-by-noise" (preceitos dirigidos por ruido).
Cage usou o acaso para criar ordem nas
estruturas musicais. O seu uso do acaso está baseado numa posição filosófica que
definiu como (Cage 1961):
·o acaso, é em última instância,
irracional; o que quero dizer é que não há nenhum conjunto fechado de
explicação que o inclua, a não ser o próprio Universo.
A composição musical baseada em regras
ou preceitos dirigidos pelo acaso ou processos estocásticos explicita a correlação
entre componentes deterministas e aleatórias presentes nos processos de gênese musical.
Há trabalhos posteriores ao de Hiller & Issacson como o de Xenakis (1971) que,
em seu livro "Formalized Music", apresenta uma descrição de um sistema
composicional baseado em Processos Estocásticos. Outros compositores e pesquisadores já
fizeram uso de processos composicionais baseados em Cadeias de Markov (Jones,
1981).
2.3 Auto-organização & Idéias
Composicionais
Finalmente, o uso da auto-organização
em composição surge como ferramenta útil, pois parte do princípio de ordem espontânea
dentro de um sistema complexo. E, esse conceito se adapta a modelos interativos de
composição que incorporem graus de liberdade para que o compositor faça suas
descobertas sonoras. A apreciação do potencial da natureza em criar padrões
espontâneos nos leva a relacioná-los com a dinâmica interativa ou com a
retro-alimentação no processo de criação musical. Para expandir o tema no contexto
musical contemporâneo, gostaríamos de exemplificá-lo, através das idéias de dois
compositores do século XX que descrevem como usam implicitamente o conceito de
auto-organização em suas composições.
· Ligeti, em um documentário da
BBC (1991) sobre sua obra (veja Manzolli 1993), explicou a relação entre sua música e o
conceito de complexidade. Ao descrever seu Concerto para Piano (1985-88) disse: eu penso
em formas musicais como estruturas no espaço, em um espaço imaginário ... no ano de
1984 vi um catálogo com extraordinária computação gráfica gerada por uma nova
geometria, a Geometria Fractal. Quando vi, pela primeira vez, estas imagens muito
complexas, elas causaram um forte impacto na minha imaginação musical... elas são
sempre novas, mas são sempre as mesmas, esta propriedade me atrai muito e se
encontra na minha música também.
· Xenakis, ao falar sobre Pleides
composta em 1979 (veja Manzolli 1993), descreve um método composicional que pode ilustrar
a idéia de auto-organização. Sua composição é baseada na estratificação e
distorção/desfiguramento contínuo de células rítmicas o que leva a criação de uma
complexidade ainda maior que os elementos atômicos gerativos do processo. Nas palavras de
Xenakis: ...a fonte desta composição poli-rítmica é a idéia de periodicidade,
repetição, duplicação, cópia exata, pseudo-exata e inexata ...variações complexas
de um período fundamental criam um desfiguramento. Depois ele descreve o efeito sonoro
dos desfiguramentos micro-rítmicos: ... o ouvinte é arrebatado no seu turbilhão
[refere-se a Pleides], carregando-o como se estivesse na direção de uma inevitável
catástrofe ou de um universo retorcido.
3. Sistema de Composição
Restringiremos o nosso cenário e
localizaremos o nosso estudo num ponto específico. Ao invés de usarmos o piano ou outro
instrumento acústico, estabeleceremos um laboratório criativo no computador, ele passa
ser o nosso instrumento musical. Apesar de limitados em termos de variedade de
experiências sonoras, poderemos simular alguns processos de composição e avaliar sua
performance "in loco". O estudo que realizamos está vinculado ao uso da
auto-organização em Música Computacional. Pretendemos agir em três níveis de
estruturação musical:
macro-estrutural - eventos sonoros
com duração da ordem de segundos (notas, frases, padrões rítmicos, etc). Ou seja, o
campo musical onde a maioria das performances instrumentais ocorrem.
micro-estrutural - eventos sonoros
com duração da ordem de milli-segundos (forma de ondas, pulsos acústicos, ruído, etc).
Ou seja, o campo musical onde o compositor age como um projetista de timbres.
interativo - não importa a ordem de
grandeza da duração dos eventos, mas a dinâmica da composição e sua fusão temporal.
Ou seja, o campo musical onde o compositor e o instrumentista se integram para abrir
espaço para estruturas interativas ou improvisadas. Este terceiro nível incorpora os
dois anteriores desde que os mesmos sejam formados através de um processo interativo.
3.1 Proposta
A abordagem que desenvolvemos pode ser
descrita pelos seguintes pontos:
a definição de um simples modelo
estrutural baseado numa metáfora construtiva e o subsequente desdobramento do mesmo nos
três níveis estruturais descritos acima.
a conexão dos conceitos de
auto-organização e auto-semelhança para criar Composições Musicais..
a unificação do processo
composicional para os níveis macro e micro-estrutural em processos interativos.
Essas idéias foram apresentadas em
detalhes em (Manzolli, 1992, 1993, 1993, 1994). Nossa discussão neste artigo não é
extensiva, há uma gama imensa de possibilidades que se abrem à criatividade do
músico e este é a nossa intenção: aguçar o espírito imaginativo com novas idéias.
3.2 Descrição
A maneira pela qual descrevemos o nosso
modelo é a seguinte:
- ato de composição é baseado nas escolhas pessoais do
compositor num domínio sonoro.
- passamos a chamar o domínio sonoro de microcosmo
musical. Este microcosmo musical será representado por conjuntos finitos de elementos
musicais (o que chamamos de elementos são alturas, durações, acordes ou, até mesmo,
séries temporais que representam formas de onda).
- as escolhas do compositor dentro do microcosmo musical
são representadas por uma Metáfora Interativa.
3.3 Metáfora Interativa
A metáfora interativa que deu origem à
dinâmica do sistema composicional é descrita da seguinte maneira:
- compositor controla (um) pêndulo(s) que oscilam através
do microcosmo musical.
Desta forma:
- a composição musical é criada por elementos
selecionados pela(s) trajetória(s) do(s) pêndulo(s).
Usando os pontos anteriores, podemos
apresentar as idéias básicas da metáfora interativa:
- se o pêndulo oscilar regularmente, o material
selecionado será organizado de forma cíclica;
- e o pêndulo oscilar irregularmente, a seqüência de
eventos não será periódica e se tornará, eventualmente, caótica.
No nosso modelo, os pêndulos são
metáforas para a trajetória de equações não-lineares. Ou seja, através do controle
de parâmetros numéricos pode-se desenvolver o processo composicional. Gradativamente a
estrutura da composição musical se forma como resultado de Ciclos Interativos nos quais
o compositor interage consigo mesmo e com a sua obra (que neste caso é simulada pelo
computador).
3.4 Três Sistemas Estruturais
Baseados nos três níveis estruturais
apresentados anteriormente e usando a Metáfora Interativa, apresentamos três Sistemas de
Composição:
I. Micro-Estrutural ou Atômico
O objetivo musical é criar novos
Timbres. A estrutura musical é construída através de elementos básicos chamados de Células
Sonoras e estas, por sua vez, geram Cadeias Sonoras. Assim, células que,
inicialmente, não duram mais que 20 milli-segundos se aglutinam para formar cadeias ou
blocos de duração de segundos. O produto final, que poderia ser chamado de Cristal
Sonoro, é um novo som ou timbre. Ou seja, o processo transformativo se auto-organiza
em atratores que, em muitos casos, são percebidos como timbres conhecidos ou pertencentes
ao repertório do ouvinte. Este crescimento de cristais sonoros deu origem a uma nova
técnica de síntese de som chamada de FracWave (Manzolli 1992, 93).
II. Macro-Estrutural
Os elementos do sistema são
representados por eventos MIDI (Music Instrument Digital Interface - protocolo que define
uma tabela numérica para controle de eventos musicais). Os objetivos sonoros básicos
são desenvolver a narrativa musical através da superposição de níveis sônicos com
complexidade de vozes internas e fomentar a auto-organização através da deformação de
ciclos rítmicos, alternância de séries/modos de alturas e mudanças acentuadas de
dinâmica.
III. Dinâmico-Estrutural ou Interativo
O objetivo musical é criar uma
situação favorável para que o músico explore peculiaridades sonoras do complexo
sistema musical. O compositor cria algoritmos onde o material sonoro é gerado
automaticamente e estes eventos são transformados pelo intérprete ao vivo. Os novos
eventos originam novas estruturas e desta forma estabelece-se uma Cadeia Generativa.
Em cada nova execução da obra, haverá elementos diferentes, pois a idéia é interligar
diretamente a composição com a performance. Este ato de criar algoritmos controladores
de estruturas que se modificam através da intervenção do intérprete é chamado pelo
autor de Composição Dinâmica.
3.5 Exemplos Composicionais
A seguir, apresentaremos uma tabela com exemplos de
composições baseados nas idéias deste texto. Cada um deles está relacionado com
um dos sistemas estruturais apresentados acima.
NOME |
SISTEMA ESTRUTURAL |
DESCRIÇÃO |
ASPECTOS DA OBRA |
PENDULARES |
I |
Obra para
02 Marimbas e 02 Pianos ou para Tape solo |
O objetivo
musical foi criar uma materialização sonora da metáfora interativa dos Pêndulos. |
SERVO-DANÇA |
III |
Performance
ao vivo onde dois músicos interagem com o computador |
O
computador foi programado com comportamentos sonoros virtuais e os mesmos produzem a Música
do Sistema Fechado. No momento da performance, os dois músicos improvisam novo
material sonoro que interage com o computador gerando a Música do Sistema Aberto
(Manzolli, 1993). |
LUVAS DE
PELICA |
III |
Performance
ao vivo onde o músico usa um par de Luvas Interativas para gerar estruturas sonoras
através de seus gestos. |
A
informação gestual é processada pelo computador que esboça uma reação instantânea. |
Conclusão
O uso de auto-organização e os
conceitos expostos neste texto não foram, ainda, totalmente explorados na composição
musical. Há campo para investigação e para composição de novas peças usando os
sistemas já desenvolvidos na pesquisa. A pesquisa que apresentamos procurou, através do
desenvolvimento de sistemas composicionais, aumentar as opções sonoras do compositor
dando-lhe novas ferramentas inventivas.
Para investigações futuras, estaremos
interessados em explorar o conceito de Composição Dinâmica em conexão com a
criação de novos instrumentos ou interfaces-gestuais. Performance com novas interfaces
é uma nova situação musical que deve ser explorada em pesquisa mais profunda. Uma
integração efetiva entre computadores e músicos controladores de eventos sônicos em
tempo-real é a nossa próxima meta.
Referências
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Xenakis, 1971. Formalized Music. Bloomington: Indiana University Press.
1 - Este trabalho também será publicado pelo Centro de Epistemologia e
Lógica - UNICAMP volta
2 - Este trabalho de
pesquisa é financiado pelo CNPq através de uma bolsa recém doutor. As composições
apresentadas neste texto podem ser obtidas com o autor enviando um K7 e um envelope
postado para resposta. O endereço é o seguinte:
Jônatas Manzolli
Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora - NICS
Rua José de Toledo 17 - apto 23
13036-300 Campinas SP volta